Publicações
Da rede às ruas: o impacto do ciberfeminismo no movimento 8M
Communication, Technologies et Développment, 13, Numérique avancé, communication et activismeOs movimentos feministas contemporâneos emergem em uma esfera global, repercutindo também a nível local, o que lhes confere uma notória dimensão transnacional a partir das manifestações de rua e do ciberfeminismo. Este estudo explora o impacto do ciberfeminismo no movimento 8M, a Greve Internacional Feminista, especificamente no contexto português, a fim de perceber como o ativismo digital feminista tem contribuído para a mobilização e amplificação dos objetivos do movimento no país. Examinamos como as ferramentas tecnológicas utilizadas pelas feministas entre 2020 e 2021 têm propiciado a expansão da greve, conectando mulheres nacional e internacionalmente, além de facilitar a disseminação eficaz de informações e pautas feministas. Destacamos a utilização da plataforma Instagram como ferramenta estratégica na propagação e compreensão das dinâmicas de género no espaço digital e na sociedade em geral. Os resultados nos levam a constatar que o ciberfeminismo impulsiona o movimento 8M em Portugal, ampliando o debate a partir da inclusão de múltiplas vozes, ainda que se identifique uma hegemonia branca na sua composição e construção.
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Entre Ciberfeminismo e Artivismo: Feminismo em Portugal no Dia Internacional Para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres
Vista, 11, Article 11A modalidade visual é um recurso imprescindível para as ciberfeministas desde a sua origem. A união entre o artivismo e o movimento feminista visa descolonizar os saberes artísticos e exclusivistas, além de propiciar visibilidade às temáticas das mulheres, especialmente em relação às múltiplas formas de violência de género. Assim, este artigo tem como principal objetivo perceber de que forma as ciberfeministas recorreram ao artivismo feminista para assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, em 2021, em Portugal. Recorrendo a análise de conteúdo, observamos as publicações do Instagram de 10 associações e coletivos feministas portugueses no dia 25 de novembro, separando os dados em intervenções online e offline, na constatação de que o ciberfeminismo articula fronteiras que interconectam esses espaços de forma permanente. Destacamos que o artivismo opera no atual movimento feminista português como uma ferramenta estratégica e política para disseminação e propagação do ciberfeminismo.
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#MeToo em Portugal: Uma análise temática do movimento através de artigos de opinião
Cuadernos.info, 55, 1-21O #MeToo é um dos movimentos feministas impulsionado pelo digital e com expressão glocal. Tornado viral através do Twitter, rapidamente ganhou visibilidade nos media tradicionais trazendo para a esfera pública a discussão de temas associados ao assédio e violência sexual. Tomando como ponto de partida a expressão pública nos media tradicionais do movimento #MeToo em Portugal entre 2017 e 2022, e com base numa metodologia qualitativa ancorada numa análise temática de 91 artigos de opinião dos jornais Expresso e Público, este artigo visa conhecer as especificidades do contexto português em torno das questões que envolvem o #MeToo e analisar as temáticas que foram evidenciadas nestes espaços. Ressalta-se o surgimento de três grandes temáticas: Assédio e Violência Sexual; Questionamento da (re)vitimização e normalização; Ambivalência dos feminismos no movimento #MeToo. Dos resultados, destaca-se a existência de discursos paradoxais sobre o movimento, os quais, por um lado, contribuem para a sua descredibilização, e, por outro, funcionam como motores para a consciencialização pública em torno das questões da violência e do assédio. Concluímos que os artigos de opinião têm o poder de influência tanto na cristalização de determinadas posições, como na mudança de atitudes e comportamentos da esfera pública, sendo estes promovidos pela autoridade e legitimidade de quem faz opinião nos jornais e tem a capacidade para tematizar o espaço público.
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Communicating through Cyberfeminism: Communication Strategies for the Construction of the International Feminist Strike in Portugal
Social Sciences, 12(9), 473Apesar da considerável atenção dada à forma como os media convencionais retratam o feminismo e os movimentos sociais, uma notável lacuna na investigação no que diz respeito ao estudo de como esses movimentos se envolvem em articulações internas e implementam estratégias de comunicação para se conectar com o público persiste. Para analisar as práticas de comunicação das ciberfeministas integradas na quarta vaga do feminismo e no movimento 8M (greve feminista), este estudo incide sobre as plataformas de comunicação utilizadas pela Rede 8 de Março, que mobiliza a greve em Portugal em três dimensões: (1) comunicação institucional e interna; (2) produção de conteúdo para disseminação online em plataformas digitais; e (3) estratégias de mobilização e repertórios de ação. Focamo-nos especificamente nos anos de 2020 e 2021, tomando em consideração o contexto da pandemia, recorrendo a uma abordagem que combina netnografia e entrevistas semiestruturadas com ativistas organizadoras. As nossas conclusões evidenciam um aumento significativo na utilização e exploração da plataforma Instagram, em simultâneo com o estabelecimento do WhatsApp como uma ferramenta central tanto para comunicação organizacional quanto interna. Estas observações enriquecem o conhecimento académico relativamente às intrincadas dinâmicas de comunicação inerentes a estes contextos organizacionais e movimentos feministas, proporcionando, assim, contributos relevantes para a compreensão dos seus mecanismos operacionais.
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“Caladas Nos Querem, Rebeldes Nos Terão”: Ciberfeminismo e Interseccionalidade na Construção Híbrida do Movimento 8M em Portugal
Observatório (Obs*), 16(Special Issue), 119 – 137Este artigo explora a participação ciberfeminista, com enfoque no movimento 8M, a mais recente frente de greve feminista internacional, que repolitiza os movimentos feministas deste século (Arruzza et al., 2019), e se caracteriza como fruto de mobilização da associação entre o online e a rua (Zimmerman, 2017). Com o intuito de melhor compreender a construção de um feminismo interseccional por meio do ativismo digital, recorremos a uma análise netnográfica do perfil do Instagram da Rede 8 de Março, que organiza a manifestação em Portugal, durante o mês de março de 2021 —ainda em período pandémico —evidenciando a utilização do hibridismo como ferramenta de construção e mobilização. Após a análise, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com participantes do coletivo que organiza a greve. Os principais resultados revelam a recorrência de temáticas em torno da violência machista e do trabalho doméstico e mostram a importância do ativismo feminista híbrido na construção de um movimento transnacional.
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